quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Seria cômico se não fosse sintático...

 Simplesmente...    

      Amor, vil executor de minhas dores, doce dor, amor...
Quero te afastar de mim, mas sou fraca diante de seu domínio
suplico...
mas de novo vejo os olhos me encantarem,
tal como serpente, vagueado meu corpo
envenenando minha alma com teu cheiro
doce cheiro de amor, de forma e corpo desnudo
sinto tremer meu mundo...
chover no solo pronto para o plantio
sol forte a germinar as sementes
colheita dada de graça, como presente..
a ti, ingrato amor, que de mim fez seu brinquedo
e hoje vagueio sozinha em desespero
lhe buscando em cada sorriso na estrada...

By Léiah Val. Laverny



AMOR SINTÁTICO...

Era um sujeito assim, assim...
Meio inexpressivo, meio inexprimível.
Acho até que meio oculto.
Diziam os amigos, os poucos, que meio indeterminado,
Vago...

Simpático, às vezes, mas muito implícito em si mesmo.
Gostava de rock’n roll dos anos 60,
Era vilanovense
E mandava flores às suas amadas...
Assim se limitava ao furor do platonismo comedido...

Na verdade, era um tipo inexistente...
Do tipo que ainda manda flores.
Não tinha muitos predicados:
                era alegre,
Ridiculamente alegre...
                Falava pouco,
E no pouco...obscuro.
                Sorria quieto,
Tragicamente irrisório...

Amou Mariazinha, moça faceira, um primor de menina...
Bem criada,
Olhar dissimulado,
Capitulava seus gestos.

Coitado, seu verbo não era intransitivo
E num belo dia Maria necessitou de um complemento...
                indireto.
Começou a gostar de alguém,
Esse alguém a completava totalmente.

O pobre sujeito traído – indiscretamente – continuou displicente.
Mandava presentes,
Numa verbalização direta de sua devoção.
Mandava...
Sonhava...
Pensava...
Amava...
Esperava...

Por fim ela assumiu:
- Eu amo o Joseil!!!
E o caso veio à tona.
Um choque para ele.
Informou-lhe “um conhecido” do ocorrido
Entre sua amada e o chefe da repartição...
O seu mundo ruiu
E junto todos os adjuntos.
Então pensou:
- Somos todos subordinados a essa dor???

By Anissa Baviera

          O amor tem sua forma, sua cor, seu som, sua composição, sua dor específica e não solucionada...mas a gramática é objetiva, racional, segue um padrão. Estranho aliar opostos, divergentes. Mas a magia está aí, entender que nada se exclui na vida, nem mesmo sentimentos ou disciplina escolar. Então, o que dizer de UM AMOR SINTÁTICO?

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