sábado, 5 de janeiro de 2013

Apenas palavras, nada mais...

        
 
          Quase seis meses sem escrever. Na verdade eu não via muito sentido. Tudo estava muito bem, agradável, cheio de balões e sorrisos...Hey, sou maior que meus problemas! O complicado é quando percebemos que isso é uma máscara (elegante) que usamos, que eu uso. Não posso me dar ao luxo de cair, tão pouco de estar mal, não tenho onde me apoiar, não tenho quem me apoie...É, nessa hora pensamos: "Que isso, sempre se tem alguém por perto!"... será?
 
          Já mediu sua solidão? Não digo a solidão ocasional pela falta de um namorado, marido, seja o que for; ou porque seus filhos cresceram e agora está com mais tempo livre, ou mesmo porque esta momentaneamente morando sozinha....falo da solidão de fato, o estar sozinha, completamente, ao ponto de pensar em situações insanas e não saber quem poderia tomar certas decisões se fossem necessárias. Aquela deprimente realidade de que se você quiser atualizar seu álbum fotográfico terá que fazer um contorcionismo e tirar você mesma suas fotos. Se morrer não terá quem destinará suas coisas de forma respeitosa ou correta...droga, talvez nem achem seu corpo imediatamente se resolver morrer em casa. O que farão com seu corpo...o que farão com o cachorro que tem sido seu único companheiro... o que será feita de sua essência e quem ficará responsável por não deixar que você morra de uma forma definitiva - salvando as lembranças de quem você foi.
 
        Não posso conversar com ninguém, não sinto capaz de expressar verbalmente o que tenho passado e pensado. Não me importo se estou sozinha num nível romântico, o que me dói é saber que não há o mesmo sangue ao meu lado...Sempre achei interessante em filmes e séries o personagem dizer que não tinha nenhum parente ou familiar - completamente sozinho - e simplesmente ir seguindo a vida de forma tão exclusiva e indefinida. A arte parece imitar a arte! É possível não ter realmente ninguém a seu socorro, perdida num vazio quase ficcional nos impelindo para frente, sempre para frente, com as pegadas deixadas sendo apagadas lentamente.
 
          Me assusta a possibilidade de anulação completa..me incomoda o fato que talvez eu já esteja em processo de desaparecimento. Mas é a vida, não a escolhemos, na verdade, seja qual for o caminho que - supostamente - se escolha sempre acabaremos no mesmo ponto...não há livre-arbítrio, apenas uma ilusão de que nos controlamos... Só podemos responder pelas escolhas quando estivermos diante das consequências, apenas isso...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Um desejo dentro de mim...

         Não sei realmente se a vida é tão curta...acho que os momentos bons é que são muito poucos!

 

          E eu vejo a mim como uma estranha, alguém que não reconheço mais. O que mudou de fato? O que sempre quis e consegui esconder em eficientes mecanismos de defesa agora vem para me assombrar em desejos ditos e sentidos de realização.
          Penso sim naquela pessoa, tanto que até me confunde, não sei se é realidade de sentimentos ou o fruto do desejo de recomeçar a escrever...aquele conto que imaginei, ele seria o meu personagem principal, enigmático e ao mesmo tempo tão controverso, mas sinto eu mesma esse enigma, no que eu gostaria de viver. Dizem que tudo acontece na hora certa e eu estou tão cansada de me submeter ao tempo...
          Queria vê-lo tomando uma atitude, queria que eu fosse importante para ele, queria que pudesse me pedir para voltar, queria que me dissesse que fiz diferença em sua vida, que não pode me esquecer, que gostaria que eu estivesse ali...queria tanto e por nunca ter nada de incrível na vida, parece que estou me dissolvendo em falsas esperanças que eu mesma criei, esperança de um dia viver um grande amor, uma história que valesse a pena...mas não existe isso, não para mim. Estou travada nesse universo que não faz o menor sentido pra mim, nunca fez, aliás.
          Se um dia eu pudesse olhar para trás e entender o que foi tudo isso, talvez encontrasse sentido no meio do caos...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Não é sacrifício se for por amor...

           Em uma vida tão vazia eu sabia apenas que todos iriam embora...




          ...
          - Você ficou...Por quê?
          - Porque não ficaria?
          - Você teria uma oportunidade de seguir uma vida normal...
          - Não...
          - Claro que sim!...Você seria feliz.
          - Seria?!...Então me diga...diga para eu ir embora, que você não me quer aqui...olhe para mim e diga: "Vá, siga sua vida!"...
          Olhos fixos...mãos trêmulas.
          - Diga, então, por favor! Me libere!
          - Não posso...Eu não consigo. - Olhos baixos, lágrimas que queimam...
          Sorriso amável...
          - Viu?...Entendeu agora?
          - Não faça isso comigo, por favor...
          - Entenda, os sacrifícios que estamos dispostos a fazer são porque não conseguimos deixar a pessoa que amamos ir...nosso "egoísmo" não permite.
          - Mas todos tiveram que me "deixar ir"... eu já perdi J....
          - Isso, querida, é porque chega um momento em que temos que fazer uma escolha: nosso "egoísmo" que não quer deixar a pessoa ir e por isso permanecemos pela eternidade se for possível...ou o desejo de ver essa pessoa que tanto amamos em segurança, mesmo que signifique nos sacrificarmos por ela...deixando-a ao sermos obrigados a ir.
          - Dói tanto sentir isso...
          - Esse sacrifício é o que nos faz ter a certeza do que sentimos, por que sentimos e a quem amamos, mais até que a nós mesmos...o dito sacrifício é simplesmente amor, bem-querer...não pesa se é para o bem-estar de quem nos motiva a cada respiração...





          Se for para ficar, fique inteiro, corpo, alma, tempo...se for para ser um sonho, que não me permita acordar...se for para chorar, que não seja o motivo de minhas lágrimas...

By Léiah V. Laverny

terça-feira, 31 de julho de 2012

Os elementos...

         

           Já não me cabe apenas a brisa calma à beira do rio...preciso de mais! Quero sentir o mar quebrando nas rochas, incontrolável, intruso, forte, erótico, imprevisível! Quero ser os elementos em fúria, transformando tudo ao meu redor, me elevando em insuspeito desejo. Quero ser a força do tempo e a beleza do espaço, quero a leveza do ar e a imponência do espírito...simplesmente livre, altiva, como a águia que vagueia dona dos céus...

          Aí sim direi, por fim: ESTOU VIVA!!!

By Léia V. Laverny

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Apenas alguém que eu conheci...

          Eu costumava olhar o mundo ao meu redor de uma forma particular, muito minha...vi cada fragmento de todos que passaram por mim, tão quebrados, machucados, infelizes, miseráveis em seus passos arrastados e piedosos. Quando mudei a perspectiva, olhei mais atentamente para mim mesma e o que vi me fez arrepiar...no final era, simplesmente, "apenas alguém que eu costumava conhecer"...



          Tentei ser tantas pessoas, era múltipla em sentidos infinitos, lutando para me ajustar, mas não consegui sustentar o peso das máscaras que acumulei ao longo dos anos. Olhei no espelho e vi uma face lacrimosa e perdida. Quem era eu não sabia, não consegui reconheci. De tanto olhar me vi naqueles olhos, me conectei com aquela garota e com seus sonhos. Não precisava, não havia motivação, mas eu queria me reinventar de uma forma mais inteira. Juntar os pedaços perdidos nas eras vividas...

          Cada grito que ouvi em meu passado foi se calando devagar e substituído por um sorriso alegre, genuíno. Não era a garota presa no espelho, nem tão pouco a mulher perdida na realidade, me tornei outra coisa, um misto de sonhos e desejos, quis ser mais e me tornei inteira. Já não era uma estranha, alguém que eu costumava conhecer, agora eu sabia quem era aquele vulto, vi como cresceu e se tornou palpável...senti o toque do instante, do deslumbramento.

          Deixei de lado o que não era parte do meu ser, não sentia necessidade de fixar pontos, apenas aceitei a liberdade de sentir, de permitir-me algo mais. Agora eu sabia quem era, agora eu queria aquela pessoa em minha vida, aquele reflexo tanto tempo oculto em medos. Eu era muitas, eu era quase nada, eu era um paradoxo andante cheio de fugas e de repente eu podia conjugar o verbo de ação, subjugar o lamento e fazer-me dona do caminho que eu mesma escolhi.

         Foi quando entrei pelos portões daquela antiga residência agora transformada em hotel...sabia que tudo seria transportado para uma outra realidade. Já não era apenas uma coadjuvante, agora eu seria a protagonista definitiva de uma vida que se estampou diante de mim...

...continua.


By Léiah V. Laverny
In: Fragmentos...

Indiferença...

"E nunca me senti tão profundo e ao mesmo tempo tão alheio de mim e tão presente no mundo"....
Albert Camus

 

          Certamente um dos filmes sobre educação mais impactantes que já vi. Não apresenta o professor como sendo o glorioso redentor do futuro dos seus alunos, o que vai deixar tudo bem com métodos inovadores e chegar até a alma de seus alunos. Nesse caso, o filme Indiferença – Detachment (2012) foi muito mais profundo, conseguiu mostrar a máquina perversa que é o sistema educacional e como aniquila o ser humano em suas engrenagens envenenadas de teorismo, indiferença, prioridades erradas e políticas desastrosas que visam números ao ser humano.
            Já no início as declarações de professores sobre como encaram a profissão é um indicativo que nada há de glorioso ser o alicerce da sociedade, como pintam muitos. Sim, somos essenciais no momento que tentamos repassar o conhecimento de mundo para que os jovens possam entender a si mesmos e sua função nessa sociedade, como um personagem mais ativo. Infelizmente, no final das contas, vale a máxima: “Nenhuma boa ação passa impune.”, e o professor passa de caminho, de guia do conhecimento, para o culpado imediato de toda a situação descontrolada na sociedade.
            O peso da angústia, do medo, da incapacidade, da frustração, da impotência diante das situações bizarras do dia a dia tanto dentro como fora da sala de aula é refletido em cada personagem que se vê preso num labirinto de impossibilidades. São alunos desinteressados, agressivos, com sérios distúrbios comportamentais, emocionais, indiferentes diante de uma vida que se estampa cinza...negra até. Pais ausentes, abusivos, ignorantes que, na própria incapacidade de lidar com as situações, transferem para a escola a responsabilidade de cuidar do seu filho como se ela fosse um substituto para a função da família. Como na reunião de pais na escola e nenhum deles aparece...não ligam, não se importam.
            Entre as cenas comuns que acontecem em qualquer escola pública, a veracidade da fala do professor substituto Henry Barthes (Adrien Brody), em forma de pequenos depoimentos, tornam a reflexão mais forte. Ser professor é viver no limite, acordar todos os dias para a batalha que se estende entre o gerenciamento do temperamento de jovens, a burocracia que anula a autoridade da instituição exigindo elevação da porcentagem de aprovação e os dramas pessoais que não podem ser esquecidos, embora negligenciados em prol de uma encenação de força e coragem! Na fala da conselheira fica claro que lutamos sozinhos por todos os outros. Ela tenta conversar com uma aluna sobre futuro, sobre a importância de rever as prioridades e diante do descaso da jovem, a conselheira desmorona e afirma, “É tão fácil não ligar, mas é preciso coragem e caráter para se importar”. E realmente é o que ocorre. É realmente fácil não ligar, não se envolver, deixar para lá, afinal, não é meu problema se os pais, o governo e a sociedade não querem que as coisas mudem...mas não é uma opção para a maioria – graças a Deus – deixar de cumprir sua função, não por idealismo cego, mas porque é o seu trabalho, é o que precisa ser feito e como ninguém mais fará, pelo menos minha parte tem de ser feita.
            O filme vai além da sala de aula e dos conflitos entre docentes e discentes. Explora as questões relacionadas à gestão e como a máquina desmorona diante de ações mal intencionadas vinda do governo, de secretarias que nada entendem de educar, apenas de números vazios de contexto. Passa pelo convívio familiar caótico que produz jovens agressivos, sem limites e prontos a explodir a qualquer momento. E é preciso analisar como muitos pais conduzem seus filhos numa via contrária ao que propõem a escola. Educar, instruir, dar exemplos de bom comportamento, ética e cidadania...mas muitos pais colocam a escola como inimiga...Muitos alunos problemáticos podem ser melhor compreendidos após conhecermos os seus pais, como a jovem com problemas de peso, negligenciada pelo pai – absurdamente – e sofrendo bullying dos colegas, o seu desfecho, trágico, mostra-nos a fragilidade de nossos jovens, tão perdidos em situações limites tanto em casa quanto na vida.
            Realmente é um mosaico realista e em alguns momentos depressivo do ato de ensinar. E vale repensar as posições atuais, não deixar que o desespero tome conta, mesmo que a situação nos revele uma total falta de solução. As cenas finais em que Henry dá uma aula sobre o conto de Edgar Allan Poe “ A queda da casa de Usher”, parece ter um teor metafórico ácido, um prognóstico do que a educação tem se tornado...a destruição dos princípios que norteiam a função da escola, mostrando que o caos se instala e os muros são erguidos sem chance de serem transpostos...a sala vazia e perdida. Sem alunos, folhas ao vento, palavras solitárias em uma profissão desgastante e desgastada...como soldados prestes a perder a guerra, seguem sem perspectiva os últimos remanescentes...

By Léiah V. Laverny

domingo, 29 de julho de 2012

2 - Noites em Roma...

O que não era para acontecer foi uma surpresa. O que era para perdurar foi um instante. O que deveria ser felicidade foi embora quando acordei...




          Quanta coisa nos acontece sem que estejamos preparados. Foi assim que me senti quando entrei pelos portões do Napoleone. Entrei não apenas no local onde ficaria por alguns dias a trabalho, adentrei num outro universo, uma dimensão alternativa que desafiou tudo o que acreditava, minha noção de realidade foi colocada à prova e meus sentimentos se chocaram com a possibilidade de encontrar o estranho dentro de histórias tão particulares que a ficção não fazia jus a tudo que presenciei...

          E assim começo meu relato...a verdade não é final...é um meio para se chegar a uma sensação muito aquém daquilo com que lidamos nos dias comuns....

By Léiah Val. Laverny