segunda-feira, 30 de julho de 2012

Apenas alguém que eu conheci...

          Eu costumava olhar o mundo ao meu redor de uma forma particular, muito minha...vi cada fragmento de todos que passaram por mim, tão quebrados, machucados, infelizes, miseráveis em seus passos arrastados e piedosos. Quando mudei a perspectiva, olhei mais atentamente para mim mesma e o que vi me fez arrepiar...no final era, simplesmente, "apenas alguém que eu costumava conhecer"...



          Tentei ser tantas pessoas, era múltipla em sentidos infinitos, lutando para me ajustar, mas não consegui sustentar o peso das máscaras que acumulei ao longo dos anos. Olhei no espelho e vi uma face lacrimosa e perdida. Quem era eu não sabia, não consegui reconheci. De tanto olhar me vi naqueles olhos, me conectei com aquela garota e com seus sonhos. Não precisava, não havia motivação, mas eu queria me reinventar de uma forma mais inteira. Juntar os pedaços perdidos nas eras vividas...

          Cada grito que ouvi em meu passado foi se calando devagar e substituído por um sorriso alegre, genuíno. Não era a garota presa no espelho, nem tão pouco a mulher perdida na realidade, me tornei outra coisa, um misto de sonhos e desejos, quis ser mais e me tornei inteira. Já não era uma estranha, alguém que eu costumava conhecer, agora eu sabia quem era aquele vulto, vi como cresceu e se tornou palpável...senti o toque do instante, do deslumbramento.

          Deixei de lado o que não era parte do meu ser, não sentia necessidade de fixar pontos, apenas aceitei a liberdade de sentir, de permitir-me algo mais. Agora eu sabia quem era, agora eu queria aquela pessoa em minha vida, aquele reflexo tanto tempo oculto em medos. Eu era muitas, eu era quase nada, eu era um paradoxo andante cheio de fugas e de repente eu podia conjugar o verbo de ação, subjugar o lamento e fazer-me dona do caminho que eu mesma escolhi.

         Foi quando entrei pelos portões daquela antiga residência agora transformada em hotel...sabia que tudo seria transportado para uma outra realidade. Já não era apenas uma coadjuvante, agora eu seria a protagonista definitiva de uma vida que se estampou diante de mim...

...continua.


By Léiah V. Laverny
In: Fragmentos...

Um comentário:

  1. Gostei,como gostar?Nao tenho argumentos categoricos para argumentar porém com minha simplicidade linguistica falo.GOSTEI!

    E eu bem sei o que voce esta falando...

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