segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Being Human...

Nem tudo é preto e branco na vida...


          Incrível como a série BEING HUMAN - UK tem conseguido manter-se em qualidade mesmo depois da saída de quase todos do elenco principal: Mitchell (Aindan Turner), George (Russel Tovey), Nina (Sinead Keenan) e Annie (Lenora Crichlow) que ainda permanece. O criador Toby Whithouse conseguiu dar uma continuidade quando ninguém mais acreditava ser possível seguir com a mitologia da série sem os principais per...sonagens que tanto cativaram o público na estranha relação entre um vampiro, um lobisomem e uma fantasma. Aliás, o título sugere justamente isso, como seres tão diferentes, pertencentes a 'mitos' e dimensões incompatíveis poderiam tentar viver como seres humanos...

          A despeito dos personagens serem famosos no meio ficcional, a história nos fala justamante dessa constante tentativa de nos adaptarmos ao mundo real, mesmo que não seja o 'nosso' mundo, com a nossa forma de ver as coisas...vivemos sobre o signo do contraditório, com o estigma do diferente e nossa constante luta por sermos menos 'outsiders'.

          Mas a série vai bem, obrigada, em sua 4ª temporada agora com adições que deram uma face nova à história sobre ajustamento, amizade e auto-controle, instinto versus civilização. Com a saída de Aindan Turner, que vai integrar o elenco de O HOBBIT, entra para a turma o vampiro Harry - Hal, um dos Antigos, interpretado pelo charmoso - Damien Molony. Junto com Tomy, são novamente os três seres em busca de 'being human' e proteger o bebê de George e Nina, supostamente predestinado a acabar com todos os vampiros no mundo.

          A série teve uma aceitação tão forte que, além de estar em sua 4ª temporada, rendeu uma versão americana, já em sua segunda temporada. As semelhanças são óbvias, mas agora percebemos que o enredo começa a se distanciar da versão britânica e já ganhou fãs no mundo todo.

          Enfim, séries britânicas têm seu charme e são de uma qualidade incontestável. E que BEING HUMAN se mantenha por muitas temporadas!!!
By  Léiah & Bavi


 

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A verdade está lá fora...

"Todas as novas verdades começam com heresias e superstições.
Nós tememos o desconhecido e por isso o reduzimos
aos termos que nos são mais familiares, seja um conto
folclórico, uma doença ou uma conspiração"

(((Arquivo - X)))



          Certamente a melhor série de ficção científica das últimas décadas! Fez história na TV pelo seu enredo complexo, de qualidade, elenco cativante e personagens com alto grau de presença!!! Quem não ia à glória com as discussões de alto nível entre Mulder e Scully? Chris Carter, criador da série, teve em mãos um dos maiores sucessos já existentes na década de 90, tanto que é possível ver em novas produções as características marcantes que fez de ARQUIVO-X inesquecível para quem acompanhou a jornada de Fox Mulder pela verdade...

                            THE TRUTH IS OUT THERE...I WANT TO BELIEVE!!!!

# Ao todo foram 9 temporadas (1993 a 2002) e dois filmes;
Arquivo-X: O filme (ocorreu entre a 5ª e a 6ª temporadas) e Arquivo-X: eu quero acreditar (seis anos após os eventos finais da série) foram os dois longas feitos a partir da série.
# David Duchovny - Agente do FBI Fox Willian Mulder -  faz agora o personagem Hank Moody em CALIFORNICATION, grande sucesso baseado na vida do escritor Charles Bukowski.
# Gillian Anderson - Agente do FBI Dana Scully - Teve notoriedade no teatro e recentemente participou da minissérie inglesa GREAT EXPECTATIONS, baseada na obra de Charles Dickens.
# Lemas conhecidos na série: "The truth is out there.", "I want to believe", "Trust no one".


          Caso similar tem sido discutido em relação a outra série de grande sucesso: SUPERNATURAL, agora em sua 7ª temporada. Mesmo Eric Kripke cumprindo sua promessa de que a série teria apenas cinco temporadas para contar a história de Dean e Sam (as temporadas seguintes não têm a assinatura de Eric, agora a grande tarefa ficou nas mãos de Sara Gamble), os produtores da CW continuaram a história dos irmãos, mas com cautela, para que não seja uma repetição do que aconteceu com Arquivo-X...

...mas isso fica para outra postagem!!!!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

The walking dead - uma observação...


          Vendo a segunda temporada de THE WALKING DEAD algumas considerações me vieram à mente. Não entro no mérito de ser uma obra de ficção apenas, até porque a ficção se vale da lincença própria para falar de temas que não falaríamos abertamente, ou porque preferimos usar uma outra linguagem.
          Uma época em que os 'walkers' estão transformando o mundo num lugar inabitável, onde os vivos são obrigados a se esconder e manter o mínimo de resquício de humaninadade. Difícil não ver como temos em nós, mesmo que inconsciente, a necessidade de reforçarmos nosso lado humano e tudo que nos torna assim. Mas como manter isso em mente se vemos pais horrorizando os filhos, estuprando, abandonando, matando sem motivos; animais sendo torturados gratuitamente, a corrupção se instalando na valorização do bem próprio em vez do bem comum; Terrorismo, mortes injustificáveis em nome de Deus... Parece que nos tornamos 'walkers' sem coração e mente num mundo que se degrada a cada momento.
          Esse sempre foi nosso medo, perder nossa sanidade e o que nos torna humanos, medo de estarmos construíndo nossa sociedade sob base frágeis a ponto de escolher quem morre e quem vive, os médicos do sistema público de saúde que o digam, constantemente levados a priorizar os casos mais graves, como se tivessem que escolher quem vive e quem morre.
          Vendo o episódio 2x7 - Pretty Much Dead Already, senti-me incomodada com as cenas em que o instinto inato do ser humano se torna algo primário. Nosso senso de sobrevivência é forte, é primitivo e pode também, se mal direcionado, sucubir ao egoísmo e se tornar uma bomba prestes a explodir. Se Shane tem argumentos válidos ao expurgar do caminho o que pode ameaçar nossa sobrevivência, de outro lado temos Rick que ainda mantém uma forma mais civilizada de ver as coisas, com diplomacia, respeito e raciocínio de grupo. O que um líder constantemente em prova tem em suas mãos.
          Nossa sociedade como conhecemos já passou pelo surto do comunismo e o medo de perder a estrutura individualista em que nos pautamos e por décadas fomos educados - ou treinados - a ver a comunhão como algo ruim. Somos capitalistas, pelo amor de Deus!!! O que é meu é meu, e se não tomar cuidado, o seu é meu também! Mas independente de que sistema vivemos, o que deve ser valorizado em primeiro é o humano, o respeito, a valorização da vida e da Terra em que vivemos.
          Se os andantes são nosso medo inconsciente de ver nossa sociedade como conhecemos ser destruída e no lugar uma sociedade em que temos que pensar um nos outros para sobreviver, talvez não seja difícil ver que precisamos mudar muitas coisas na forma como vivemos.
By Léiah & Bavi

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Arte urbana...

Valorizo a arte em forma completa, cor, forma, conteúdo, corpo, mente, atitude, mensagem, beleza...no que se diz e como se expressa.
Anissa Baviera





          Os tradicionalistas e elitistas que me perdoem, mas negar a arte de rua, a arte urbana, é desconsiderar que a arte não conhece classe social, cor ou conceito de "tela em branco"...ela se manifesta na alma talentosa que é capaz de sentir e expressar cada sentimento, cada pensamento, cada crítica, independente se é num atelier chique, numa tela em branco ou num muro mal cuidado. Ela exige liberdade, e por ela já ouvi artistas que, no silêncio de seu banheiro, teve as mais loucas ideias que se tornaram reais, verdadeiras obras posteriores. A inspiração precede local, ela se manifesta simplesmente.
          A arte urbana, o grafite, tem tomado seu lugar na categoria de arte das massas e muito mais, é a expressão dos oprimidos e dos que veem na opressão a inspiração para fazer algo sobre. Pinceladas fortes, escrita original, cores fortes, mediadas pelo instantâneo, submetido às mudanças climáticas e ocasionais. Mas não deixa de ter sua beleza, sua força. Marginal porque veio dos marginalizados e em nada deve ser associada à criminalidade. Deve ser respeitada, valorizada e não esquecendo o valor social ao dar a esse artista algo em que pensar e produzir, elevando a autoestima e mostrando que a vida pode acontecer não somente além dos muros da miséria, mas incluse no próprio muro onde as palavras surgem em forma de protesto com desenhos autorais.

By Léiah & Bavi

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Todas as palavras em um olhar...

" ... o amor aos cães costuma ser acompanhado por uma certa perda de confiança no homem "Crônica: Homens e cães
Livro: Montanha Russa
Martha Medeiros



          Uma verdade:
          Duas pessoas conversando e uma pergunta à outra:
          - Como assim, você conversa com seu cão? Que loucura é essa?
          - Bom, pra começar, estou conversando com você e não estamos nos entendendo. Com meu cão não precisamos de palavras, nos comunicamos com a melhor das linguagens: 
O SENTIMENTO!!!

    Louco é quem pensa que é normal esse mundo de gente cruel!!!
                          Nos amemos e respeitemos mais...aí está a normalidade!!!

By Léiah & Bavi

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

As margaridas...

O meu querer é grande.
Vou precisar de um campo inteiro de margaridas para brincar de bem querer.
Tayane Sanschri



- Bem-me-quer...hum, bem-me-quer... Me quer?
- Sim, eu quero!

...Margaridas ao ar!!!

By Léiah & Bavi








Margarida chatinha...seu jogo não me engana
Bem-me-quer, mal-me-quer ...
meu amor você espanta
com esse seu feitiço....

By Léiah & Bavi




Os cravos
Só beijam as rosas
Porque não conhecem as margaridas


- Sandro Kretus -






- Bem, tudo começou com uma pétala.
Era tudo ou nada, mal comecei e vi você chegar.
Bem-me-quer, bem-me-quer, bem-me-quer...
- O jogo não é assim, onde está o mal-me-quer?
-Esse eu quero que o diabo o carregue!!!


By Léiah & Bavi



By Léiah & Bavi

O fogo e a chuva...

"Sentia que algo morreu
Porque eu sabia que era a última vez..."
Adele - Set fire on the rain

          Eu olhei com tristeza para toda aquela situação. A alegria se transformou, o contexto mudou, a vida recuou para um estágio de negação de tudo que havia construído. Minhas histórias eram tão idiotas, tristes, lamentos de uma voz esquecida no fim do universo...Mas não aceitei as condições, fui à luta, me reergui e segui em frente com as chagas da dor de viver sob regras indefinidas. Queria ganhar e não ver o fogo consumir meus dias como tem sido, um incêndio existencial de proporções absurdas...
          Tantas lágrimas me molharam, achei que apagaria o fogo que me consumia quando deixasse de me importar, de sofrer. Viver incondicionalmente pelos dias que viessem era minha programação, o meio de romper os laços com o desespero e fugir de tudo que me fazia queimar. Mas aquele fogo ainda queimava minha alma, o medo não me deixava ir até onde devia, onde era meu direito.
E a chuva veio...tão forte, tempestade. Luz em olhos tão cândidos e alma tão frágil, mas ainda assim corajoso o suficiente para me ensinar como atravessar o fogo contínuo e não ser queimada, protegida apenas. Enquanto caminhava em chama que não me doíam mais, senti no caminho um medo, um abandono, aqueles olhos já não eram mais tão meus, o corpo agora debilitado já não conseguia me acompanhar...estava desistindo, ficando para trás.
         Como é possível, me perguntava. Não era o fogo que o impedia, era a vida, a maléfica e irônica vida que ceifava dele suas forças sem compaixão. Olhou-me com ternura, tentando evitar meus olhos quando podia...mas sabia o que diziam, mesmo não podendo usar palavras organizadas. Já era hora, havia passado com vitória pelas chamas, estava à salvo, sua missão estava completa...não precisava mais chorar as lágrimas de tantas vidas solitárias, agora era comigo...
          Aqueles olhos tão bons, tantas alegrias, tantos sorrisos e agora eu devia deixá-lo ir, precisa seguir porque até ali era sua missão, sua jornada. E decidi me levantar, cruzar a flamejante estrada com tudo que tinha aprendido com aquele ser e chegar ao meu destino, seja ele onde fosse, mas agora com a certeza de que mesmo que o fogo arda, a chuva virá e lavará o corpo ardente de contato, de cuidado e carinho.
          A chuva lava meus passos e leva longe os rastros de cinzas que tanto me sufocaram por anos. Vejo ao longe um horizonte azul, e lá encontrarei meu segundo sol...


By Léiah & Bavi

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mude o olhar...

Não somos exclusivos, fazemos parte de algo muito maior...
universo, vasto universo...
Seja como menina a brincar...
se encante, se lance, ouse, crie, renove...
Sê apenas.


Mude o olhar.
Veja as sutilezas de cada instante, de cada gesto,
Não se permita calar diante da beleza, fale, admire, seja exagerada.
O belo não é calmo nem sutil...
ela exalta o olhar, transforma o momento,
cria elos, expectativas e sonhos.
O belo surge com o dia e se completa na noite.

Mude o olhar.
Veja a vida com olhos curiosos, atentos.
Não deixe que as promessas se percam em meio à correria.
Pare. Respire. Aliás, sinta a respiração.
Sinta sua vida pulsando e como ela é parte de algo muito maior.
Ame. Dance. Sorria.
Faça da luz sua amiga e das estrelas seu lar.

Seja parte do mundo, do cosmos, seja mais...

Seja tudo que é devido ser...
Você.
Nunca menos que isso.

 By Léiah & Bavi

          http://meme.yahoo.com/caixapandora/originals/

Animais e alegria...

          Um pouco de imaginação quando vemos algumas fotos e pensamos o que poderiam estar pensando naquele momento...
          Com humor e muito carinho...
*Montagens singelas feitas por mim...

OS ANIMAIS E A ALEGRIA...


É meu e não vou deixar fugir...



Era a única no mundo...



Os desafios do amor...



Que ficção que nada...ele existe sim!!!!



Tentação...



Golpe estratégico...



         Os animais conseguem tocar fundo no coração das pessoas, de uma forma incrível, única. Devíamos aprender mais com eles e quem sabe o mundo teria uma lógica pautada mais no amor e menos no interesse vazio...
         Até a próxima postagem!!!

By Léiah & Bavi

Anjos em nossas vidas...

O verdadeiro significado...


          Vi esse texto numa página do facebook dedicada à proteção e divulgação de cuidados com os animais. Diante do que tenho passado, senti que outras pessoas devem compartilhar desse agradecimento que, com certeza, está na função dos animais em nossa vida.
         São lindos, meigos, diferentes, amorosos, carinhosos, leais e por aí vai, fica difícil dar uma qualidade negativa a eles, porque são tudo isso, um presente de Deus para que possamos ser melhores, treinar o amor, a compaixão e o respeito. E no meu entendimento, se não conseguimos fazer essa conexão não somos nada mais do que selvagens sem coração.
         Que as pessoas, ao lerem esses textos, possam entender que o amor que se tem por um animal transcende o entendimento convencional. Não é bobo, não é menor, é simplesmente amor, puro e belo.
         Minha história com animais é longa e feliz, mas há nove meses eu tive uma surpresa, fui agraciada com um presente...mas isso é para um capítulo especial.






          "Muitas pessoas não compreendem nossa missão aqui na terra, que é de transformar vocês humanos em pessoas melhores. Muita gente não enxerga que somos seres puros e inocentes e nos encara de forma errada!!
          E é apenas isso que somos seres puros, inocentes e cheios de amor para dar...muitas vezes vocês humanos nos transformam em seres agressivos, indóceis e amargos como muito de vocês!!
          Já eu só tenho a agradecer a vida digna e feliz que me destes e lhe peço que nunca deixe meu espaço vazio quando eu partir.E se puder o preencha com outro ser como eu, não para me substituir, mas para continuar minha missão de tornar você cada vez melhor e especial!!"



NÃO ACEITE A VIOLÊNCIA CONTRA NENHUM ANIMAL, DENUNCIE:



By Léiah Val. Laverny & Bavi

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O baú...

 O intangível se desprende na presença do provável...
mesmo que seja impossível.



          "Uma coisa que sempre admirei na vida foi a ignorância, pequena.". Era o que dizia Mosi. Claro que em sua indulgência irônica ele tinha razão, não saber é uma benção, a dor que a clarividência dos fatos provoca pode ser demais. Como agora, sabendo que nada mais restou, apenas vestígios do que um dia havia sido. Mas segui em frente, mesmo com os olhos salpicados de vermelhidão e o coração machucado, segui em frente.
          Parar diante daquela porta não era fácil, ainda mais naquele dia em especial. Nuvens fortes no céu, parecia que desabaria, minha esperança era que não fosse em mim, já tive minha cota de 'desabamentos' em vida. A brisa não era amigável, o vento remexia meus cabelos e um frio tomou conta de mim...ou seria apenas uma expressão para representar que não estava viva de verdade? Andava, falava, chorava...sim, estava viva, porque, em minha experiência isso era viver - sofrer o inferno e ainda achar que estava no paraíso por ter o direito de aprender. Novamente, ainda acho que a ignorância é uma benção, às vezes.
          A porta rangeu, o cheiro forte de tempo me fez fazer uma careta. Poeira, teias sem suas aranhas, lembranças...objetos cobertos por uma grossa camada de descuido e abandono. Vivi um dia ali, como deixei que ficasse com aquele aspecto? Olhei vagamente ao redor, precisava ir para o primeiro andar, lá estava o que eu havia ido pegar. Aquela caixa. O que sobrou de mim, de minha história e nem ao menos sabia o que havia nela. Pensei nas últimas horas em tudo, menos o certo, isso era verdade. Vó Missia nunca me deixava perto daquele estranho baú de carvalho envelhecido e com desenhos entalhados. Era meu sonho de conquistador, ser o pirata que tomaria o tesouro de minha curiosidade do quarto de minha velha avó. Ela sempre sorria quando me olhava, certamente imaginando o que passava pela minha mente quando via o baú.
          E lá estava eu, pronta para abrir os segredos dela. Me senti meio criminosa, como se aquela situação estivesse em algum código penal e com sentença já estipulada: a perdição. Mas foi o desejo dela, que em sua morte me tornasse a portadora daquela caixa e tomasse as decisões que me conviessem. E quando abri a porta do quarto senti nos ossos o medo, a saudade, a velha infância perdida pela vida que não nos dá tempo de viver conforme. Os objetos no mesmo lugar, a cama bem arrumada, a penteadeira com algumas jóias espalhadas, nada dizia que a antiga moradora não voltaria. Dentro do guarda-roupa velho, mas bem cuidado, estava a caixa, deixada no alto, bem visível. Peguei-a com cuidado e reverência, senti os antigos sentimentos infantis voltarem, a excitação, e ao mesmo tempo o remorso por sentir tudo aquilo.
          Tirei a chave do bolso, coloquei na diminuta fechadura dourada e ouvi um clique. Estava aberta. Os segredos revelados. E tive medo de olhar, não queria saber, não agora, não desse jeito, não sozinha, definitivamente. "Um dia você olhará para o espelho de cabo de marfim e verá a si mesma, como realmente é" ela me dizia enigmática. O que significava aquele jogo de óbvio eu não imaginava. Mas lá estava o misterioso espelho com cabo de marfim, lindo, perolado, intacto. Toquei de leve e percebi outros objetos, uma gargantilha, um pingente brilhoso, ouro talvez? Umas cartas gentilmente amarradas com uma fita envelhecida, fotos antigas, e um anel de rubi, perdido entre folhas soltas de um velho diário. Não entendia o que eu faria com aquilo tudo, ou o porquê de estar ali. Já não sabia mais o motivo, parecia tudo meio nebuloso naquele instante.
          O anel era lindo, isso eu posso dizer, com todo o seu esplendor. Mas foi o espelho que me chamou a atenção. Virado para baixo, inerte, me atraiu violentamente, como se fosse por ele que eu estaria ali naquele lugar. Minhas mãos trêmulas e já cansadas o pegaram com esforço, parecia pesar uma vida. Uma mexa de cabelo branco apareceu junto a uma face desgastada e cansada. Como eu poderia ver as coisas como eram? Mas me esforcei, precisava encontrar o que procurava. E lá, diante do reflexo, vendo minha imagem entendi o quanto eu perdi um tempo valioso tentando entender a vida que simplesmente nos vem para ser vivida. Se aproximou de mim, pelo reflexo, meu amor mais amado, meu marido com olhos jovens e um jeito típico de um homem que se destaca em seu terno feito em alfaiate particular. Deu-me um beijo no rosto e se despediu. Vi se afastando e passando a mão nos cabelos da criança que entrava sorrindo pelo quarto, olhando aquele baú e imaginando que era um pirata prestes a pilhar um tesouro inimaginável...

By Léiah Val. Laverny & Bavi

O verdadeiro apaixonado...

Amor pela metade não é amor...
tem que ser inteiro, louco, extraordinário.
- Bavi -



          Onde estão os amores loucos, as histórias que nos fascinam? Parece que são isso mesmo, história. E ainda me perguntam porque não me apaixono. Não quero meio amor, meia-boca, meio isso, meio aquilo. Quero intensidade, força, ritmo, insanidade debaixo dos lençóis e poesia à mesa.
          Não me contento com a miserável quantidade de sentimento que está disponível no mercado, sou das antigas mascarada de autônoma. A verdade é simples, procuro um amor, do tipo "Frejat", que seja bom pra mim e me faça perder-me ao encontrá-lo.
          É, simples assim.

By Léiah Val. Laverny & Bavi

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Um dia...



"Um dia você foi interessante...
hoje é só um personagem secundário de uma história de enredo ruim!!!"


(((Luiza Balnacchio)))

Minha poesia...


Meu poema tem versos simples...
rimas ligeiras...

...mas o tema é apaixonante:
- Você!

E assim caminha a humanidade...


          Prepotente e sem noção. Essa é a postura de quem não percebe o valor da experiência e do conhecimento que, convertidos em ação, se tornam poder. Avanços tecnológicos prolongam a expectativa de vida, mas não ensinam a importância de vivenciá-la profundamente. Jovens se afundam no conceito de estética e do destorcido carpe diem e se esquecem de se preparar para o porvir. Junto a isso vem a sociedade, na grande maioria, que fecha os olhos aos que construíram uma história e deixaram sua marca.
          Em pleno século XXI, com tantos avanços e descobertas, podemos oferecer uma vida mais confortável aos idosos os quais conseguem ultrapassar a expectativa de vida de outros tempos. Infelizmente a expectativa em si não é de uma vida plena e acolhedora, visto que ainda são tratados como párias, excessos que desestruturam a economia com o infindável pagamento de aposentadorias. Vilões! Enchem os hospitais com suas doenças e desestabilizam a constituição familiar com sua mera presença. É a grande ironia da vida quando heróis retornam como os desagradáveis vilões em uma terra cheia de futilidades, imediatismos e total ausência de respeito e inteligência.
            Cecília Meireles se pergunta “- Em que espelho ficou perdida minha face?” e os jovens se amontoam num reflexo de vida de momentos vazios, fugidios, fúteis e se acham os senhores do tempo – do seu próprio tempo desperdiçado, na ignorância de que tudo se converge para sua vida, pobre e triste vida sem história, só o presente a ser vivido irresponsavelmente, como num enredo ruim de um filme sem conteúdo. E validamos tais comportamentos por não conscientizá-los de que a máquina capitalista mastiga sua vitalidade e os transforma em velhos sem o espírito vivo e a alma enegrecida. Fernando Pessoa tinha razão, vale a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena...e onde está essa alma? Seu valor, sua importância?
          Somos culpados por omissão, tornamos nossos idosos invisíveis porque nos é conveniente, não queremos olhar no espelho e nos perguntar onde está a beleza externa, o corpo esbelto e atlético – tão chamativo, claro! -, a sexualidade aflorada em hormônios incontroláveis, o cheiro de carne fresca, a conquista, a posse, o poder da enganosa “imortalidade da juventude”. E assim vamos ensinando que velhice é morte eminente, inutilidade, gastos, punição e incômodo. Ledo engano passado por uma geração sem poder porque nada aprendeu sobre conhecimento – será que possuem isso? Claro que não, o google só lhe dá fragmentos de informações. O corpo é o templo da alma e se a alma está viva, intensa e forte o corpo a acompanha, mesmo com seus limites. Ser idoso não é ser um obstáculo social, é ser o poder de expandir o reflexo de nossos erros e de como fazer para aprender com eles.
            Não basta a invisibilidade pela arrogância, há a culpa jogada em seus ombros cansados. A previdência não consegue pagar tantas aposentadorias, vejam só, culpados por seguir o curso natural da vida e por terem contribuído por anos em prol do crescimento social que usufruímos tão alegremente. De fato, o curso natural na política é a inaptidão em gerir o dinheiro público e nós nada fazemos, não questionamos, não nos impomos, não protegemos nossos idosos, nem lutamos por eles, os mesmos que tanto lutaram para usufruirmos de um bem-estar tão cômodo a nós. Somos uma engrenagem da alienação social e política, novos brinquedinhos na trama vergonhosa da política atual e a velhice não me diz respeito. É o mantra que repetimos a nós mesmos para amenizar a culpa e continuarmos a não fazer nada para impedir o desrespeito, a violência, o descaso e a imoralidade com quem tanto tem a contribuir.
            O alívio – momentâneo – é que a doença da cegueira social não atinge a todos. Há programas de suporte aos idosos, projetos que devem ser mais valorizados e que têm o propósito de mostrar aos jovens que a velhice é, sim, a melhor idade, é o momento em que ligamos os instantes vitais de uma vida inteira à memória acolhida em histórias de realizações e fracassos, normais e essenciais em nossa existência. Cada ação para a melhoria do bem-estar do idoso dever ser seguida de uma conscientização individual que atinja o coletivo e transforme a situação ultrajante atual em um recomeço calcado na valorização das histórias de vida, no respeito, na devoção e de tudo que ele representa – VIDA, pura e simples, na sua forma mais intensa e brilhante.
            Não sei em que espelho se perderá minha face, mas sei o lugar em que posso enxergar o valor da existência vivida com dificuldades, alegrias, tristezas, amores e sensações, a importância do passado na construção de um futuro menos frustrante e sem as desculpas injustificáveis – nos olhos cheios de sonhos de quem decidiu não “dormir” diante do tempo que não para.

By Léiah Val. Laverny & Bavi



          Envelhecer é respeitar o tempo e as transformações, é aceitar a experiência como algo positivo, construtivo, sem demagogia ou imposição de padrões de beleza. A história nos mostra como a beleza está nos olhos de quem a vê. Espero que os "olhos atuais" tenham a decência de enxergar com um olhar desprovido do materialismo imposto pelas mídias e da hipocrisia de quem elege a inexperiência como o vão de entrada para todas as certezas importantes da vida.
                          E no amor, seja a idade que for, a beleza do companheirismo, a cumplicidade e o desejo sejam a herança para as gerações que não dispõem de respeito ao próximo e desconhecem a maravilhosa presença do genuíno sentido de "estar" e "amar".


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Apenas ser...

"O que você não pode, eu não vou te pedir
O que você não quer, eu não quero insistir
Diga a verdade, doa a quem doer..."
(((Engenheiros do Havai - Piano bar)))




A vida se faz de momentos tão confusos e esses são os mais fortes, mais intensos.
Somos tão certos que até parece errado...
Tenho meus medos e em cada passo
sigo, mudo, calada
com o coração fervendo e a mente paralisada.

Se é pra ser porque não somos?
Se é pra deixar ir porque não consigo te libertar?

Mas a verdade é que preciso me soltar primeiro,
saltar do penhasco e ser livre
na coragem de ser quem devo ser sem você...

Apenas ser...