sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Rascunhos de pensamentos...


          Olhando pela janela, num dia chuvoso, vejo um cenário pouco acalentador. A chuva que deveria lavar a terra e purificar o solo tão massacrado pelo descaso, se rende ao concreto e o asfalto coberto pela dura visão estreita da vida que passa.
          Olho a janela ou apenas vejo meu reflexo com lágrimas de dor e pesar? Difícil saber, tantas questões, tantos medos, tantas impossibilidades... esqueço quem sou, mas me lembro do que querem que eu seja e é difícil pensar em tantas transformações para agradar a todos. Não sou uno, sou múltiplo e fragmentado em mim mesmo, recortado em pensamentos que nunca poderei realmente expor.
          Vivemos de concreto e velocidade, dureza e superficialidade, essência e aparência... sinto de forma veloz e não amo de forma intensa, perco tantas oportunidades por causa das inúmeras imposições que nem sei se tenho uma identidade real, sou apenas uma sequência de números num pedaço de papel. Obrigam-me a viver, ou diria existir, numa sociedade “imperativa” e perniciosa das coisas cruéis, intolerantes, preconceituosas e pré-julgadoras da aparência das pessoas. Faça isso, beba aquilo, vista-se assim, seja como fulano, critique sicrano e por aí vamos construindo um exército de seres ‘decerebrados’, superficiais, manipulados e manipuladores, sem a mínima noção do que é ser gente, do que é ser cidadão, do que é ter sentimentos, desejos e personalidade.
          Vivemos numa guerra contra o pessoal, o exclusivo, o único, queremos que os outros sejam mercadorias de uma linha de montagem, o que foge do “roteiro” é defeituoso e deve ser excluído. E assim continuo olhando para aquela janela, e por ela vejam minha alma que anseia por ser livre.


“Não sou o dono da verdade, mas tenho minha história”
(Thaíde)

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