terça-feira, 13 de setembro de 2011

Estamos realmente prontos?

          Ah, como certas verdades inexoráveis nos dão medo, nos afastam da discussão, da lembrança, do enfrentamento. Eu era uma dessas, se era "proibido" falar sobre, porque me ensinaram desde criança, eu me calava. Calei tanto que agora sinto as palavras dominarem meu espírito, meu corpo, minha vida; me entrego a elas, as únicas que expressam as minhas verdades, os meus medos, as minhas discussões, as minhas lembranças ou ausência delas, as palavras são as únicas que me permitem enfrentar e vencer os obstáculos que se apresentam.
          Mas, afinal, de que medo estamos falando? Bom, o medo não é meu, esse medo existe no olhar das pessoas ao mencionar o nome tão simples e ao mesmo tempo aterrorizante da MORTE. Por não sabermos definitivamente o que vai acontecer quando não estivermos mais aqui, muitos tentam buscar uma explicação nos locais mais prováveis e estranhos. Normal, as pessoas temem o que não conhecem e temem mais ainda o que vai tirar de precioso e importante que temos na vida...ou ainda, vai nos negar a presença dessas mesmas pessoas quando formos. Entendo, sério, não sou tão cínica a ponto de achar que é exagero, nem tão solitária a ponto de achar que é desperdício. A dor da perda não se descreve, não se supera completamente, nunca é a mesma para todos, mas o que é igual é o sentimento de vazio que fica, impotência por não ter podido salvar o ente amado.
          Eu não penso muito nisso, acho meio desnecessário, não há porque perder palavras com o inevitável se não vamos falar sobre como sentiremos ou que faremos e farão...mas algo mudou hoje. Me imagino numa vida onde sou dona de mim, sem apegos, sem laços, sem nós cegos me prendendo. Eu, meu cachorro, alguns amigos e meu trabalho...Não penso em me apaixonar, nem mesmo que os outros se apaixonem por mim, prefiro a segurança de minha vida solitária...até poderia ser o enredo da minha vida, mas não é, e por uma série de reações, esse filme me marcou. Não é o melhor enredo de comédias românticas, as têm um diferencial: aborda o amor e a morte numa mesma sentença sem ser excessivamente apelativo às lágrimas e nem humanamente desmerecedor de um olhar mais positivo.
          Pronta para amar é um filme simples, direto e mostra o que está além dos olhos, mostra que a vida é uma celebração e a morte não deve ser diferente. Celebrar a vida plena, o amor tanto ansiado e correspondido, a beleza do nascimento de uma criança, o perdão, a família, tudo é mágico. A morte não é o carrasco da vida, somos nós mesmos que a tornamos a culpada pelos nossos erros, por não ter vivido o suficiente, por não ter tido tempo... a morte é uma figura abstrata, o que temos que temer é nossa eterna contradição, como já dizia Machado de Assis em um de seus contos. Nossa capacidade de matar, nosso potencial de destruição...
          Penso que guando morrer quero fazer como a personagem Marley, celebrar minha vida e minha passagem. Não valorizar a dor, embora ela existirá, com o sombrio, mas exaltar a alegria proporcionada e recebida. Morrer não é o fim, atrevo-me a dizer que a morte não existe enquanto estivermos na lembrança das pessoas que foram importantes em nossa vida e de alguma maneira fomos nas delas. Quero fazer como a personagem Marley, fazer uma grande festa, irradiar alegria e rir nos momentos de tristreza e agonia, fazer piada das desgraças, até porque chorar não vai resolver nada!
          Ela amou, profundamente e no final, sem os gritos de desespero de "Não vá" 'Eu quero ficar", serenamente ela se despede de todos e responde ao amor, ao lhe dizer eu te amo, com um sorriso de quem viveu e está de despedindo sem remorsos, sem medos, deixando sua marca no coração dos que a acompanharam pela tragetória.
          O filme não fala do medo da morte, mas de como temos mais medo de amar do que de morrer...temos receio da rejeição, do abandono, da traição, mas o filme redime esses sentimentos ao nos mostrar como é possível viver e no final irmos sem arrependimentos, desde que saibamos valorizar a vida, os instantes, as memórias...
Lindo de se ver e de se emocionar!!!





"O que eu não daria para experimentar mais uma vez...
Para sentir aquela incrível sensação...
De quando ele me olhava e eu me sentia ... viva!"
(Pronta para amar - Marley [Kate Hudson])
                                                                        (Gael Garcia Bernal - Dr. Jillian)













(Dr. Jillian e Marley - Gael Garcia Bernal e Kate Hudson)


By Léiah Val. Laverny

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