quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quero-te fechado no mundo aberto que te dou...


Minha boca solidão
Tua boca pecado
Antes no vazio dos dias
Silêncio de dor e ausência
Hoje poeta, sinto-me presente
No presente que teus lábios me deram
Canto a canção de nossos corpos
Ritmados no alcance do vento
Sob o céu de sonhar
Acima do chão de amar.
Por Leiah Val. Laverny

           Ouço o silêncio de meu coração com a força de cem ondas empurrando os barcos contra os rochedos. É trágico não crer, não sentir, não se entregar. Pode o ser se abster completamente de sentimentos tão nobres e essenciais à vida humana? Digo, amar. Não creio totalmente no nome dado a um sentimento de entrega, união e por vezes dissolviçao entre duas, e porque não dizer mais, pessoas. O que é o amor? Substantivo masculino, singular, abstrato..? O que sobre após as reações quimicas já não sustentam a paixão? Sexo com sentimento? Já ouvi tantas definições que nem sei bem quem está certo, ou talvez deveria ouvir de acordo com o estado de espírito de quem assim define o indefinível...
          Então, talvez, seria isso, uma função para a arte, para a literatura, para a música, para a pintura, escultura, para o sorriso de uma criança, o sol se pondo no horizonte enquanto a lua singela começa a mostrar-se, iluminando seu corpo e mostrando meus olhos que brilham sem saber o porquê....
          Amor também e admitir a ausência, erros, enxugar as lágrimas do outro com um beijo de perdão, toque leve e sutil na pele quente, olhar sentindo o outro em sua essência e permitindo ser vasculhado em cada canto de seu coração. É cuidar e permitir ser cuidado, rir e fazer sorrir, cantar e não dizer que o outro é um péssimo cantor, mas cada nota mal cantada é tão perfeita em sua sinceridade. Ser o mundo para alguém e deixar que  essa pessoa saiba que ela é seu universo...Sem competições, limites, lutas, o amor não encerra mesquinharias, não suporta o falso, a mentira, a ilusão para não revelar a verdade.
          O que sei é que nunca amei e certamente não permiti que fosse amada. Os tempos são outros, as complexidades dificultam a verdade dentro de nós, impedem que sejamos mais abertos à aventura interna de sentir o que nunca imaginamos ser possível com tal força....é lindo!
           Por hora, fecho o dia com um poema que adoro! Que possamos um dia amar como amou os grandes amantes dos mais lindos enredos...Boa noite, vida!

Autopsicografia 

  
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
(Fernando Pessoa)

Nenhum comentário:

Postar um comentário