quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Perguntas, respostas e o que vier de dentro...

           'Há sem dúvida quem ame o infinito, há sem dúvida quem deseje o impossível, há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, porque eu desejo impossivelmente o possível, porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, ou até se não puder ser...'(Fernando Pessoa)

         
          A pergunta nunca é apenas "Por que eu?", com certeza é "Por que ele/ela/eles?". É o que nos fazem que nos muda, é o que fazemos com o que fazem conosco que nos define...mas já estamos previamente definidos por um High Power que dita nosso caminho. Temos escolha? Não. Temos como mudar? Talvez. Mas no fim do dia, somos a soma de todas as merdas que fizeram conosco e acrescentamos o fato de já estármos pré-definidos por anos de (de)construção.

          Nunca se trata de mim, sempre do outro. Quero limpar minhas mãos no branco já manchado da roupa do que está alí. Não vivemos em tempos de glorioso amor, companheirismo, compaixão. A dor do outro é dele, eu já tenho minha mala cheia para ter que carregar a do outro. Fato, cada um carrega sua cruz!!! Não quero que carreguem minha mala, não quero que aliviem o peso que é meu de direito e dever. Mas não aceito que enfiem pedras doloroas dentro de minha bagagem, não aceito que me tirem as forças para que não consiga puxar meu destino...

          Se ao menos as pessoas entendessem que o peso é melhor suportado se dividido, dividido com alguém especial, com alguém que entenda o quanto o peso pode se amenizado se andarem juntos, rindo, cantando, contando histórias, desabafando as tristezas...

          Se ao menos as pessoas se responsabilizassem pelo que é de responsabilidade delas...Lembro de uma pessoa que por sinal se tornou uma excelente amiga, me dizer quando estávamos consolidando nossa amizade: "Você tem certeza de que quer ser minha amiga???" disse rindo " Comigo vem uma vida de problemas e confusões, sou complexa e não muito fácil de lidar..." Ri também. Pensei comigo "Se serei sua amiga, aceito você como você é, essa é a definição de amizade!"

          Com os anos percebi que não basta aceitar como se é - eu aceito que o ornitorrinco é o bicho fofo mais feio que existe - se é não tem como deixar de ser. É preciso estar! Aí entra o segredo. Estar ao lado, estar junto, estar em silêncio - por que o silêncio pode ser tudo o que o outro precisa, meu silêncio para que possa ouvi-lo, estar de acordo com o 'raio-x' que temos dessa pessoa: ela vai rir, chorar, ela vai fazer as duas coisas juntas, ela vai sofrer sem que entenda o porquê, mas não é minha função desvendar os segredos dos outros, minha função de amigo é segurar sua mão, facilitar sua vida diante de tantas interpéries ao mostrar que um amigo estará do seu lado.

          Não me importo com o 'por que eu', fico mais triste e decepcinada quando percebo que a pergunta que me dói fundo na alma é sobre o porquê das pessoas mais importantes em nossa vida nos decepcionarem, traírem, abandonarem , mentirem, omitirem-se. Há certas 'funções' na vida que não veem com um contrato assinado, mas veem com a assinatura na alma de que aceitamos os termos apresentados: ser pai, ser mãe, ser irmão, ser amigo, ser amante....não escolhemos (ou talvez sim, não sei dizer ao certo) exclusivamente, somos muito mais escolhidos...essa deveria ser a beleza de ser alguém tão especial, com um atributo tão forte e determinante em nossa vida.

          Termino, silencionsamente, com Adélia Prado, simplesmente...

"(...) e que morra a puta que pariu minha tristeza."
Adélia Prado

Não me compreenda, não me leia, não me traduza, não me sinta, não me revele...deixe que o mistério me mate em pequenas gotas de despertar e de viver.


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