quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sua ausência em mim...



Versão feminina dessa música que acho linda!!!
              Com licença...poética, mas estou sofrendo....
                                                  faça apenas uma coisa .....

VOLTA PRA MIM
((Roupa Nova))

Amanheci sozinha
Na cama um vazio

Meu coração que se foi
Sem dizer se voltava depois
Sofrimento meu

Não vou agüentar
Se o homem
Que eu nasci pra viver
Não me quer mais...


Dia e noite a sós
O universo era pouco pra nós
O que aconteceu
Pra você partir assim

Se te fiz algo errado
Perdão!
Volta pra mim... 


Do encontro à perda, faço da dor minha inspiração...


           Olho para trás, vejo um vulto indo, vagaroso, pela luz fraca do poste. Sinto a frustração invadir e já não entendo a partida. Foram tão poucas palavras que nos levaram àquele desfecho diante de tantas noites sem uma única frase formulada, apenas o som de nossa paixão se concretizando em atos de puro libido.

          Fecho os olhos, sinto o rosto queimar, minha cabeça gira e aquele vulto se transforma em lembranças dolorosas de se pensar....Era um sonho o sonho que eu vivi? Não sei, apenas olhei novamente, a esquina vazia, a luz serena da lua, passiva, cruel, sem ação. Como podia me deixar ali, ela que protagonizou o cenário de grandes amores, de Romeu com sua Julieta, pedindo a ele que não jurasse pela lua que é inconstante...e assim ela se volta contra mim, meia lua, meia luz, meia vida...

          Jurei meu amor à pessoa errada? Eram tantos pontos a serem revistos, os olhares culpados por pensarem o desejo do corpo, sorriso ardente diante do crime, mãos suadas, tocando de leve, sem que vissem o que ocorria sobre toda aquela aparência séria, fria...eram corpos conectados, mentes germinadas, tudo acoplado à vontade do universo. Nos levantamos, não poderíamos ficar mentindo ao coração porque o corpo nos entregava. A festa continuou em câmera lenta, os únicos movimentos eram nossos passos em direção à porta. Ao atravessá-la, adentramos num outro universo, nossa dimensão particular. O tempo era mera convenção, o medo palavra de jogar no rio e fazer quicar. Sonho era o que vivíamos, a relva verde, orvalhada conseguia nos abraçar e se misturar com o suor de nossos corpos, agora parte de nosso único desejo, eternizar o momento...

          Foram semanas de intensa loucura, vasta emoção, corpos jogados, exaustos, para o lado, abraçados, sentindo a força do universo em cada ponto de nosso existir...já não éramos dois, éramos o todo, completos em nós mesmos.

          Mas a vida não é tão generosa, nos dá e nos tira, nada é eterno, nada que não seja a memória, essa é faca afiada, penetrando na pele nua, dolorosamente, sangrando saudade, chorando ausência. Era eu, era você? Onde começou o fim? Foi no momento que nossos olhos se despiram ou foi quando nossos corpos já não conseguiam se encontrar?



          E ali, parada naquela rua, fatídiga noite de outubro, olhos vazios, coração cheio, corpo trêmulo, frio n'alma, vi seu corpo sair do meu, sumir aos poucos, tendo a lua como única testemunha de meu sofrimento, de minhas dúvidas, de minha incompreensão. Já não te via, já não te possuía e meu corpo gelou diante da eminente solidão. Olhos baixos, cabelos grudados no rosto, mãos nervosas que se esfregavam e algo no chão me chamou de volta à realidade...

          Caminhei, devagar, até o pedaço de papel que jazia solitário na rua vazia. Peguei-o como quem pega a esperança nervosamente, com medo que fugisse por entre os dedos. Papel branco, amassado, escrita conhecida...era sua letra, suas mãos que seguraram aquele pedaço de alegria misturada com terror. As palavras me faltaram quando o vi indo embora, meu grito foi abafado pela dormência do corpo, mas ali, naquele pedaço de papel, sentia o coração bater novamente, estava viva...eram suas palavras.

          Cinco palavras, cinco sentidos aguçados na recordação das noites de frenesi, de juras e carinho, cinco eram os dias de ilusão...cinco segundos para entender toda uma vida. Olhei lânguida para a lua mais uma vez, sorri dormente, olhar vazio...a assinatura não mentia, a letra ovalada era sua marca...as palavras me trouxeram a um outro nível de dor, a de saber que no final de tanto amor, sobraram apenas aquelas cinco palavras que, dramaticamente, definiram minha vida para sempre, na dúvida...

"Ontem eu acreditava em todas as mentiras, hoje eu duvido de todas as verdades."

Léiah Val. Laverne=======\\&//=======Anissa Baviera

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