segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ausências e perdas...

 
Nuit Absent
((Guilherme Bayara))

Nada,
o vazio
A falta do toque,
Ausência de sentimento,
apenas ausência

Ausência da própria ausência
O nada

Aos poucos algo o corrompe
A escuridão preenche o nada
Ao longe surge algo

Devagar toma conta
E com um choque arrebatador
Sente-se a tristeza

Escuta-se um pequeno titilar
Lagrimas atingem o chão

Em meio às agonias
As agonias que gritam as tristezas
Não são lagrimas
São pétalas

Pétalas de
Uma branca flor
Que reluz e afasta
Afasta a escuridão. 




           Andava pela casa como um fantasma sem face, perdido entre lembranças tristes de uma vida que não tinha certeza se acontecera. Eram histórias vagas, pessoas em forma de neblina com os rostos vazios e coração negro. Sabia que ser uma ausência era um fator determinante para o que viria depois - o nada. Não entendia como chegara nesse estágio, quando o telefone já não fazia o coração disparar, ou a espera era fato. Apenas o nada, o ausente propósito de conhecer seu próprio futuro.

          Lembrou-se de quando a vida era mais complexa em termos numéricos. Eram vozes e gritaria, latidos e brigas, palavras que nunca se ausentavam e sempre impactavam de alguma forma, transformando o momento em memória. Agora o que sentia era o medo do não, do nunca mais, do impossível, circunstâncias indeléveis de uma vida tão transtornada. Fazia mal olhar para trás e ver que tudo foi em vão, ser o que era e não ter mais o entendimento do que havia acontecido de fato.

          Mas sabia que as questões se acumulariam, eram perguntas que nunca teriam respostas e apenas sobrava a vontade de gritar, bater, implorar para que a dor sumisse e o sentimento de que alguém deveria estar ali fosse embora, como foram  os anos, incontáveis, inconstantes, tenebrosos. O mal se instalara nos dias e tornou as noites impossíveis de serem vividas, dormidas, a insônia procurava uma forma de não deixar esquecer que era apenas um corpo marcado pelo DNA da reprovação, do medo, do abuso, da rejeição. Projeto falho e sempre lembrado disso.

         Nas paredes os quadros estavam vazios, cada história já não era mais exposta, havia sido trancada a força dentro da mente da jovem que carregava o fardo de não se esquecer do pouco que havia sorrido. Era cruel, era insano pensar que fizeram isso com ela, sem ao menos pagarem. Via o mundo de uma forma não tão otimista como todo o resto, mesmo diante da oposição. Para que imporem uma vida numa alusão ridícula de que pediu por isso? Pedir para ser abandonada na rua das ausências? Pedir pelo abuso, pelo negro dia de tristeza vagando pelas ruas sonoras de choro e lamento?  Pedir para ser auto-suficiente a ponto de não sentir precisar de si mesma? Que maldito paradoxo é esse que se formou num coração tão machucado?

       A vida só era bela em palavras que dizia a si mesma para não enlouquecer entre os que tinham algo por que lutar...ela, bom, apenas ausência, medo, negação. Suas vozes chocavam em uma mente transtornada por sentido, o mesmo que se fez inútil quando mais precisou. Achava melhor esquecer que tudo acabava em braços conhecidos e aceitar os únicos que a carregariam - a solidão.

          O que vai não fica, volta, e cobra pelos danos causados pelo caminho...se apegava a isso, que a vida fosse mais justa no final, quando não havia propósito de aprendizado, apenas o deixar-se ir...lentamente, tranquilamente, silenciosamente.

By Léiah Val. Laverny

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