Já dizia Renato Russo: "o que eu vejo quase ninguém vê", e assim vou vivendo minha vida, sendo apenas mais uma que não entende como chegamos nesse ponto. Há algumas semanas uma enfermeira descontou toda sua psicopatia num pobre cachorro. Dias depois, há três casas de onde moro um outro filhote foi alvejado - é, isso mesmo, alvejado - com três tiros. Sinto tanta coisa dentro de mim e ao mesmo tempo uma impotência alucinante que me transtorna.
Falam tanto em Deus, gritam Seu nome brandindo as mãos ao alto e tudo em vão. Pra mim, tudo em vão. Não se protege mais as crianças, não se preocupam mais com os idosos, os animais são os novos "sacos de pancadas" dos desajustados e não conseguimos nem uma lei decente para protegê-los. Isso é triste e tenho dentro de mim que Deus chora nesse momento, quando deixamos bem claro que além de estarmos ferrados na tentativa de alto-evolução, também estamos fazendo o favor de aterrorizar os pequenos que Ele deixou para ser nossa companhia, nossa fonte de aprendizado de compaixão, amor, amizade, devoção. Sim, Ele chora e choro com Ele.
Tenha uma certeza, todos podem te abandonar, seu pai, sua mãe, seus irmãos; seus amigos se afastarem, sua espécie se voltar contra você, mas um animal, um cão, principalmente, esse vai contigo até o fim do mundo. Constatei isso na pele. Quando perdi - ou melhor, fizeram questão de se perderem de mim - minha família. Caí numa situação tensa de sentimentos conflitantes, me rasgando a pele. Pensei que era tão descartável que estava mesmo acreditanto que eu não valia à pena. Foi quando ganhei um cachorro, é, parece até engraçado, mas ganhei um cão e comecei a vivenciar a dependência mútua. É tão fácil nos salvarmos, percebo isso hoje. Fui salva por um pequeno cão amarelo de olhos verdes, tão arteiro e sábio em sua simplicidade que me fez olhar mais para mim e menos para quem não me valorizava, me leva ainda para um caminho totalmente diferente, novo, caridoso.
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