segunda-feira, 30 de abril de 2012

Das coisas que não entendo...

      "Não tem importância que você não compreenda isso, porque estou acostumado com a incompreensão alheia, com a minha própria incompreensão, mais do que tudo". (A.D)

            Assusta-me tanto ver como as pessoas não se comprometem mais como deveriam. Vivemos uma forma distorcida de "delegar funções". Isso, não assumimos mais as responsabilidades se pudermos 'passar' para o outro. Foi mais ou menos isso que ouvi essa semana, "Não se preocupe demais, não é sua responsabilidade!", "Que isso, deixe para o fulano fazer, é função dele.", claro que era minha função sim, pelo menos até certo ponto, mas as pessoas preferem passar para o outro, até porque fica mais fácil de culpar se não der certo! Isso é uma verdade, seja em qualquer área, não queremos nos comprometer, nem nos responsabilizarmos...mas se 'eu' fizer, ótimo, menos um trabalho para o 'outro'.
          Nem preciso dizer que essa postura me incomoda, me chateia, me enoja às vezes. Somos condescendentes quando deveríamos ser mais duros, e ausentes quando, claramente, devíamos ser mais compreensíveis. Trabalho em equipe parece que se tornou "eu faço minha parte, aquela pela qual sou pago", o que não estiver no meu contrato, desculpe, "não é minha função". Ok, aceito isso, não vou fazer o que o outro deve fazer, mas também não vou me omitir no que eu posso fazer para melhorar a situação, seja a minha ou de quem depende de mim. "Não deixe para o outro fazer o que você puder realizar", a experiência me diz que ninguém fará meu trabalho tão bem, ou tão mal quanto eu mesma! Ninguém se dedica a nada da mesma forma, com a mesma preocupação e paixão que eu mesma. Pelo menos é assim comigo!
        Vivemos num mundo de pessoas vendadas, preferem fechar os olhos que assumir que as coisas estão desmoronando e uma atitude mais afirmativa poderia melhorar muito. Não, não queremos nos meter, que se dane se o vizinho esteja espancando a esposa e aterrorizando os filhos, é culpa dela, é problema da escola denunciar, é com a polícia!!! Imagina, aquele(a) aluna que precisa de uma atenção especial devido a sua condição, não é minha culpa, que o assistente de apoio se vire, ele é pago por isso. Ah, deixe que aquele professor que tem o costume de se importar lide com isso!!! Eh, vivemos algo assim o tempo todo, eu vivo isso o tempo todo.
         Aconteceu essa semana, com uma aluna que requer de apoio especial. Fiquei chocada com o fato de ninguém se importar, não com a mesma preocupação que eu naquele momento. Cheguei a achar que eu tinha um problema! Talvez eu tenha, não sei, o que sei é que passei a vida toda sendo "jogada" de um lado para o outro e ninguém assumia a responsabilidade por mim, não nas coisas menores, que de fato eram as que mais me moldaram. Fui negligenciada tantas vezes que até hoje não sei como consegui me tornar quem eu sou. Obviamente se eu "funciono" foi graças ao 'belo trabalho' de meus pais, da escola, do resto, menos meu mesmo...se tivesse me tornado algo menos do que o esperado, bom, a culpa seria toda minha!
         O que aconteceu com a cumplicidade? A intimidade, a compreensão, o diálogo, o trabalho em equipe? Chegamos realmente num ponto em que o meu trabalho, meu nível de preocupação termina na descrição do meu contrato? Esse é de fato um mundo admirável...de pessoas inexpressívas, cheias de rancor, ódio, sem compromisso, apenas seguem um roteiro e vão felizes pela vida torta que insistem em nos vender como sendo a melhor.
         Lamentável!

By Léiah & Bavi

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